...e a Responsabilidade das Marcas
Nos últimos anos, temos testemunhado uma crescente conscientização sobre a importância da sustentabilidade na indústria da moda. Uma das áreas mais cruciais desse movimento é o desenvolvimento de materiais e tecidos inovadores que são amigáveis ao meio ambiente.
Um dos pontos-chave em qualquer discussão sobre tecidos sustentáveis é a necessidade de reduzir a dependência da indústria da moda em materiais de origem não renovável. Isso inclui tecidos feitos a partir de petróleo, como o poliéster, que tem sido um pilar na produção de roupas, mas que também contribui significativamente para a poluição ambiental. Felizmente, a pesquisa e o desenvolvimento estão avançando rapidamente para encontrar alternativas mais verdes e éticas.
O foco do momento está sobre as inovações em tecidos bio-based. Esses materiais são derivados de fontes naturais, como plantas, algas e resíduos agrícolas, e apresentam um potencial enorme para revolucionar a indústria da moda. Além de serem biodegradáveis, muitos desses tecidos também oferecem benefícios adicionais, como maior respirabilidade, durabilidade e até mesmo propriedades antibacterianas.
Uma das empresas que estão se destacando nesse mercado é a Ananas Anam, que produz o Piñatex, um tecido feito a partir de fibras de abacaxi. Essa inovação não apenas utiliza um subproduto da indústria alimentícia, reduzindo o desperdício, mas também oferece uma alternativa refinada e sustentável ao couro animal.

Além do Piñatex, existem muitos outros tipos de tecidos sustentáveis ganhando destaque. Um deles é o Tencel, feito de celulose de madeira; o Econyl, produzido a partir de redes de pesca recuperadas e outros resíduos plásticos; e o algodão orgânico, cultivado sem o uso de pesticidas e produtos químicos nocivos. O Tencel está sendo utilizado por diversas marcas famosas mundialmente, como Patagônia, GUESS, Victoria’s Secret, além da marca brasileira hype do momento, a Insider.
A importância do desenvolvimento desses tecidos vai além da moda. Eles tem o potencial de impactar positivamente o meio ambiente, reduzindo a pegada de carbono da indústria têxtil e contribuindo para uma economia mais circular e sustentável. Além disso, à medida que os consumidores se tornam mais conscientes e exigentes, as marcas que adotam essas alternativas ganham uma vantagem competitiva e demonstram seu compromisso com a responsabilidade ambiental.
Vivemos em um momento de limite social, insustentável para a moda. Em paralelo à escândalos de mau posicionamento de campanhas como aconteceu com a Balenciaga, até mesmo os consumidores de altas grifes já questionam a cadeia de produção, a sustentabilidade e o impacto social e ambiental que as marcas imprimem no mundo.
Esses consumidores, hoje, exigem transparência, pois já não se contentam em separar o lixo orgânico do reciclável. Já não basta apenas se auto declarar sustentável e não cola mais admitir ignorância à respeito dos processos de produção de seus fornecedores e terceirizados. Estes, também, precisam comprovar a sua responsabilidade socio ambiental. A era do "fast fashion" desenfreado está dando lugar a uma abordagem mais consciente e ética, onde a sustentabilidade e o impacto ambiental são considerações centrais.
Essa mudança de paradigma não apenas beneficia o planeta, mas também impulsiona as marcas a se destacarem como líderes progressistas, alinhadas com os valores e preocupações de uma nova geração de consumidores conscientes.
No entando, é importante reconhecer que essa transformação ainda é em grande parte elitista e inacessível para as classes mais baixas. Os preços elevados dos tecidos sustentáveis, os custos de produção e as estratégias de marketing muitas vezes limitam o acesso desses produtos. Para que a moda sustentável seja verdadeiramente inclusiva e impactante, é necessário trabalhar na redução de custos e na ampliação do acesso, garantindo que todos possam participar dessa mudança positiva de forma significativa.
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