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Delivery de botox

Foto do escritor: Aline BertoloAline Bertolo

Hoje em dia, dispomos de uma série de serviços “delivery”, os serviços entregues em casa. Você não precisa mais ir ao laboratório para coletar sangue, ou receber vacinas, por exemplo. Recebe a manicure no conforto da sua poltrona. Agenda uma massagem na privacidade da sua casa.

 

Agora, a moda lá fora é receber em casa profissionais para tratamentos estéticos. A possibilidades vão desde neuromodulador à injeções, preenchimentos e peelings químicos. Uma empresa que já ganhou a confiança desses consumidores é a Skin Clinique, uma clínica de procedimentos estéticos em casa que dispõe dos seus serviços em quase todo o território dos Estados Unidos. Com a promessa de oferecer conveniência, qualidade & segurança e resultados efetivos, a Skin Clinique afirma que seu processo é confiável e exercido por profissionais competentes.

 

Mas vamos voltar para a nossa realidade brazuca.Isso constata como esse tipo de procedimento: 1. Se popularizou; 2. Está mais acessível; 3.O critério, ou a falta dele, para se submeter a um procedimento estético.

 

E eu vejo uma grande problemática nesses três pontos.Convém um disclaimer antes de iniciar minha explicação: Eu acredito que a livre escolha deve reger as atitudes de um indivíduo e, este, deve arcar com suas responsabilidades individuais para que o coletivo funcione de maneira plena. Simplificando, cada um é (deve ser, ao menos) dono se si, de suas aspirações, desejos e responsabilidades. Viver uma vida individual é o caminho para a liberdade e para o melhor convívio no coletivo da sociedade. Dito isto...

 

Problemática do ponto 1. Se popularizou:

Agora até o meu pai já sabe o que é um botox e a minha mãe não tem mais o preconceito que tinha sobre os preenchimentos faciais. Fazer um botox, dar uma estimulada no colágeno ou microagulhamento, está tão popular e aceito como fazer uma tatuagem. O que era julgado supérfluo e desnecessário poucos anos atrás, já é visto como imprescindível no check list do autocuidado. A situação complica quando não sabemos a proporção que esse tipo de autocuidado pode tomar. Se por um lado a popularização de um assunto oferece informações importantes para uma tomada de decisão, por outro, pode dar a sensação de que esse procedimento parece ser algo mais simples e banal do que realmente é. Quem se lembra daquele filme “A morte lhe cai bem”, dos anos 90? Onde duas rivais, pelo amor de um homem, começam uma corrida irracional por encontrar o néctar da juventude e imortalidade em uma fórmula secreta, mas que traz efeitos colaterais inimagináveis. É uma comédia, assistam! ;)  


Problemática do ponto 2. Está mais acessível: Quando um produto ou serviço se torna mais acessível, normalmente é visto como uma evolução em termos de igualdade e a sociedade como um todo tem ganhos coletivos. Quem preza por exclusividade, compra uma ideia triste e mentirosa de superioridade. Nesse caso, a acessibilidade a esse tipo de serviço/tratamento, não significa uma evolução em termos sociais. Essa acessibilidade se dá por conta de estabelecimentos que não poderiam oferecer esse tipo de serviço, com profissionais não habilitados e não competentes performando tratamentos que podem trazer riscos à saúde e até mesmo à vida. Parece óbvio, não é mesmo? Mas desde que a gente se reconhece como civilização e sociedade, a classe mais desprovida procura meios de, ao menos, não parecer tão desprovida assim. O preço mais baixo desses procedimentos por meio desses atores sem capacitação para tal é o maior atrativo para quem não dispõe de meios de investimento em supérfluos. Afinal, são muitos (as) que sempre quiseram a boca icônica da Angelina Jolie, ou a estrutura facial espetacular da Gisele Bünchen.

 

Problemática do ponto 3. Critério, ou a falta dele, para se submeter a um procedimento:

Novamente, cada um é livre para fazer o que bem entender com seu corpo. Nem todo mundo se dá bem com um nariz fora do padrão estético, quer dar uma preenchida naquele sutiã sem bojo ou acredita que uma boquinha mais carnudinha vai fazer sucesso.  Até mesmo atenuar os sinais do envelhecimento, vale tudo. Mas de uma coisa precisamos falar, e não é só de pressão estética. Viver na própria pele é muito difícil, se assumir no próprio corpo não depende só de coragem. Depende de ajuda, amor, de amor consigo mesmo e amor de outrem, de acolhimento. As redes sociais, as maléficas redes sociais, não ajudam em nada. A gente já sabe, mas ainda cai nessa. O que consumimos nas redes sociais é o que molda os nossos gostos, nossas políticas, e a maior parte das nossas decisões. Estas, que deveriam ser muito bem percorridas dentro de nós mesmos, se tornam superficiais e errantes. Desde fazer uma compra desnecessária por impulso a partir de um link patrocinado oferecendo um cupom de desconto (quantas vezes já fiz isso!), até nos levar a tomar uma decisão mais séria a partir de uma influência digital.

 

No final, quando tenho a oportunidade de expressar essa minha nada humilde opinião, a minha pergunta sempre é: você quer envelhecer como a Donatella Versace ou como a Meryl Streep?



Eu sou time Meryl Streep, mas se sua opção for a Donatella mesmo, you go girl!, certifique-se de contratar os serviços de um profissional compretente em um lugar seguro.

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